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Cavalo de Raça Puxando Carroça - Por Roberto Campos

Quando Joás me convidou pra escrever neste blog achei legal por vários motivos, principalmente porque a grande maioria dos brasileiros que gostariam de viver ou vivem em Londres já passou pelas dúvidas e situações descritas aqui.
Justamente pela iniciativa do cara de tentar clarear o caminho de quem quer visitar ou viver a experiência de residir na capital inglesa com uma ‘paciência de Jó’, que eu não passo nem perto de ter, irei direto ao assunto. São 3 vistos de permanência temporária no Reino Unido, o tal do UK. Turista é turista. Vem pra passear, curtir, gastar dinheiro e voltar pra casa. Estudante vem com curso de inglês previamente pago e tem permissão pra trabalhar 20 horas por semana**. É o chamado trabalho ‘part time’ (meio expediente). E o visto de trabalho, expedido por empresas, empregadores em geral que permite a entrada por tempo requerido e pré-estabelecido com possibilidade de renovação assim como o de estudante.
Todos os três tipos são bem claros e não é difícil de entender quais os ‘direitos e deveres’ em cada um. Taí o motivo de estar escrevendo sobre isso no blog do meu amigo-irmão-camarada: Por que é que tanta gente escreve via facebook, email, skype, o cacete á quatro perguntando sempre a mesma coisa (e outras tantas sem muito sentido) a respeito disso sem sequer recorrer ao velho e famoso bom-senso? Digo isso porque vejo muitas perguntas nos scraps, comunidade, blog do cara que são difíceis de acreditar! Muito mais depois dele ter descrito, falado, postado links que esclarecem o assunto em questão.
Em geral as perguntas são feitas por pessoas que pretendem morar na Inglaterra, mas que gostariam de trabalhar em suas respectivas áreas ou de receber um salário que faça jus à sua formação profissional/acadêmica no Brasil. Posto como se faz para a obtenção do visto e as características e requisitos de cada um, vejo a coisa de forma muito simples. Se você é engenheiro, advogado, contador (ou qualquer outro tipo de profissional) e deseja trabalhar com isso neste Reino, você precisa de um visto de trabalho e cumprir as suas exigências. Se você, com qualquer outra qualificação, quer vir pra ver acrescentada a experiência de viver na Europa ao seu currículo (ou vida) através do visto de estudante (o mais comum), o papo é outro. Deve se levar em conta que você é gringo, latino, brasileiro, talvez não domine o idioma e está restrito a empregos de meio expediente e que não exigem maiores conhecimentos ou especialização de mão de obra. Claro que se você é muito bom fazendo algo e já fala um Inglês que ‘dá pro gasto’, isso facilitará sua vida por aqui. E muito!
No fim das contas o que importa é a disposição de aprender, de trabalhar, de estudar, de viver algo bem diferente em uma cidade que é considerada a mais cosmopolita do Mundo. Não venha pensando que é mole ou que funciona da forma com a qual estamos acostumados na terrinha. Posso citar meu caso como exemplo. Sou formado em uma das melhores universidades federais ‘tupiniquins’ e cheguei cheio de sonhos e vontades na capital inglesa. A fim de garantir uma base e uma vida confortável em terras estrangeiras, traduzi meu currículo e fui em busca de emprego. Mesmo sabendo que não acharia nada à altura do que eu fazia no meu país, não queria encarar a realidade de milhares de brasileiros que aqui aportam: o ‘trabalho braçal’. Um mês procurando algo que pagasse as contas foi o suficiente pra baixar minha bola e colocar os meus pés no chão. Se você não está no seu país de origem, não conhece a cultura, não tem pistolão e não fala o raio da língua, vai fazer o quê? Vai fazer faxina, vai lavar prato, trabalhar em cafés ou outras coisas do gênero. Foi o que eu fiz!
Ninguém morre fazendo isso, acreditem. E exercício de humildade também não faz mal á ninguém, pelo contrário. Tendo isso na cabeça, paciência e disposição para tirar o que essa experiência pode lhe oferecer de melhor, tudo se transforma em um período de transição para novos vôos. O tempo vai passando e você vai entendendo como a dinâmica local funciona. Sua fluência na lingua melhora e com isso se criam condições para se correr atrás de algo melhor em termos de trabalho e remuneração. Isso acontece em qualquer canto e aqui não é diferente.
Agora, se você acha que vai chegar e conseguir reproduzir o seu modo de vida nativo sem visto de trabalho ou trabalhando somente vinte horas semanais como permitido por lei, tenha bem claro o que você espera desse período que deseja passar em Londres ou em qualquer outro lugar do Reino Unido. A Europa como um todo vive hoje uma crise financeira profunda, o que retrai muito o mercado e diminui as ofertas de emprego. Isso não quer dizer que não valha a pena..., nada disso! Há milhares de coisas pra se ver, fazer e aprender, mas não adianta ficar ‘viajando na parada’. Porque daí é melhor ficar na praia, cachoeira, churrascão entre família e amigos, curtindo as tantas coisas que nossa terra de bom!

De resto, sejam bem-vindos e boa sorte!
Roberto Campos (*).

*Roberto também tem um ótimo blog contando suas experiências na terra da rainha! Confira no http://emoutroscampos.blogspot.com/